Esportes radicais e saúde
O desejo de explorar os limites do nosso corpo faz parte da condição humana. Porém, durante nossas empreitadas para expandir as fronteiras da resistência física, seja escalando as montanhas mais altas, mergulhando na profundidade dos oceanos ou chegando cada vez mais longe no espaço, que preço estamos obrigando nosso corpo a pagar?
Alpinismo e Mergulho
A 6.000 metros de altitude, um alpinista agasalhado sente-se bem, tem bom apetite, dorme normalmente e consegue transportar de 20 a 25 kg. Mas se subir mais 1.000 metros, a situação muda drasticamente e várias modificações fisiológicas acontecem no organismo: o ritmo dos batimentos cardíacos aumenta, torna-se difícil respirar e o número de glóbulos vermelhos que transportam oxigênio no sangue diminui.
Aos 7.000 metros de altitude, aparecem o cansaço e a letargia. Conforme os dias passam, segue-se uma rápida deterioração generalizada: severa perda de peso, apatia e sono intermitente. Nessas altitudes, a dor de garganta é muito comum e qualquer infecção pode ser muito perigosa.
A maior ameaça para os alpinistas são os edemas cerebral e pulmonar. Eles acontecem de repente, mesmo que o esportista esteja agasalhado, e podem ser confundidos facilmente com cansaço. Aos 7.000 metros não se pensa com clareza, e a memória também fica debilitada.
No outro extremo estão os mergulhadores, que enfrentam o problema do aumento da pressão atmosférica sobre o corpo. O nitrogênio pode alcançar níveis tóxicos no sistema sanguíneo, inclusive em condições de mergulho recreativo. A necessidade de respirar o ar com tanta pressão produz uma reação em cadeia. Por isso, é necessário que o gás seja distribuído em pressão ambiente, porque se a pressão não for igualada, os pulmões podem entrar em colapso.
Os Efeitos Persistentes dos Esportes Radicais
A falta severa de oxigênio provoca lesões nas células nervosas do cérebro, mas não há indícios clínicos de “lesão cerebral”, e nem de sequelas na maioria dos alpinistas que passa muito tempo em altitudes superiores a 7.000 metros.
Alguns mergulhadores profissionais que trabalham em plataformas de petróleo, sofrem de uma doença crônica conhecida como osteonecrose, que produz a morte dos ossos devido à falta de oxigênio, mas esta é uma doença muito rara.
Se deseja quebrar barreiras, lembre-se que o corpo tem limites muito claros. Aproveite a paisagem, a adrenalina e o desafio, mas evite os extremos que podem ser fatais.
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